Vendas de carros zero para o consumidor ainda não subiram

Vendas de carros zero para o consumidor ainda não subiram

 

Volume de janeiro a outubro é 0,65% mais baixo que o de 1 ano atrás. Mas vendas para empresas cresceram 30%, ajudando na recuperação do setor.

 

 

As vendas de carros zero estão 9,7% mais altas do que em 2016, segundo dados da federação dos concessionários, a Fenabrave, de janeiro a outubro. Mas são os emplacamentos para empresas e frotistas que estão crescendo, e não para o consumidor.

As vendas de automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) novos nas concessionárias ainda estão 0,65% abaixo do volume de janeiro a outubro de 2016, somando 1,06 milhão de unidades.

A fatia delas no total de emplacamentos diminuiu de 66,59%, como era nos 10 primeiros meses do ano passado, para 60,31% neste ano.

Já as chamadas vendas diretas cresceram 30,3% no ano, para 702.579 unidades. Isso equivale a 39,69% do total de carros zero emplacados até outubro- há 1 ano eram 33,41%.

Vendas de carros novos em 2016
De janeiro a outubro
Consumidor: 66,59 Empresas / frotistas: 33,41
Fonte: Fenabrave
Vendas de carros novos em 2017
De janeiro a outubro
Consumidor: 60,31 Empresas / frotistas: 39,69
Fonte: Fenabrave

“Temos, basicamente, dois grandes movimentos: a renovação de frota das empresas, e a terceirização da frota – as empresas deixam de ser donas dos carros, e quem entra são as locadoras de veículos. Elas é que estão puxando esse movimento de frota”, avalia o economista João Morais, da consultoria Tendências.

“As vendas diretas ainda estão elevadas, mas isso é normal. Esperamos que em 2018 a venda no varejo aumente. Isso mostra um poder de compra maior”, afirma o presidente da associação das montadoras (Anfavea), Antonio Megale.

Força das locadoras

Megale aponta que o crescimento dos aplicativos de transporte e novos hábitos do consumidor têm impulsionado as vendas para locadoras de veículos.

“O hábito de compra tem mudado. O brasileiro não tinha o hábito de alugar um carro. Hoje, quando ele viaja para outra cidade e precisa de um carro, ele aluga”, aponta. “Outro fator são as frotas terceirizadas, como a dos aplicativos de mobilidade. Isso têm gerado vendas para as locadoras.”

A Associação das Locadoras de Automóveis (Abla) ainda não divulgou números do ano. Em 2016, no entanto, o número de veículos emplacados e o faturamento caíram, na comparação com 2015.

A terceirização da frota de empresas continuou representando a principal fonte de receita para as locadoras, com 45% de participação no faturamento de R$ 12,1 bilhões do setor no ano passado.

Morais destaca que as locadoras têm movimentado também o mercado de carros usados. “Parece cada vez mais que começam a investir na venda de veículos como um canal de negócios”, diz.

Segundo o economista, essas empresas têm renovado frotas mais rapidamente, colocando à venda modelos com pouco tempo de uso. “Acaba sendo uma opção muito competitiva em termos de preços”, completa.

A Abla diz que 11% do total de emplacamentos de carros no país em 2016 foram para locadoras.

Volta do crédito

Para João Morais, no entanto, a leve queda que as vendas ao consumidor ainda apresentam no ano não invalida a recuperação da indústria automotiva.

“Isso não enfraquece a percepção de que o setor automotivo está em processo de recuperação, e não só pelas exportações. O financiamento para compra de veículos subiu 17% no ano, comparado a 2016”, destaca. “É claro que este dado também inclui o financiamento de usados. Mas significa que o consumidor (de carros) voltou para o mercado.”

No entanto, continua sendo mais difícil conseguir crédito agora do que no auge das vendas de carros, no início da década, observa Morais. “Está voltando em condições menos favoráveis do que no passado, principalmente em relação a prazo e entrada.”

Ele lembra que antes se financiava em 72 meses, sem entrada “e com banco público atuando com bastante força”. Com a crise econômica e a forte inadimplência, a partir de 2012, a oferta de financiamento passou a cair.

“Agora ele volta a crescer com prazos menores e mais exigências. Mas isso confere sustentabilidade ao processo, dá confiança. Essa recuperação veio para ficar.”

Fonte: G1